Escola Municipal Grupo Bias Fortes e Maquinário de Cervejaria Genuína

Descrição e Análise do Bem Cultural

Escola Estadual Bias Fortes




Nos tempos coloniais praticamente não existiam escolas públicas e os governos pouco se importavam em criá-las.
            O abastado fazendeiro, que vivia longe dos centros civilizados, se desejasse instruir seus filhos devia encontrar professores particulares. Nesse meio, quem tinha “letras”, era instruído, certamente gozava de influências e prestígio.
            Esses “mestres” residiam longas temporadas nas fazendas, recebendo o pagamento por seus serviços, os quais traziam proveito para a sociedade inculta e rude do campo.
            Em Lima Duarte são poucas as referências sobre a instrução pública nos períodos da colônia e do império.
            Em 7 de agosto de 1832, um decreto da Regência fez criar na Vila de Ibitipoca uma escola de primeiras letras para meninas, em compensação pela perda da Matriz , que havia sido transferida para Santa Rita de Ibitipoca.
            O mais antigo mestre da escola do Rio do Peixe foi o português José Inácio de Siqueira da ilha do Faial, no Arquipélago dos Açores, radicado na região de Ibitipoca onde vivia “de ensinar meninos a ler”. O mestre Inácio teve participação no processo de julgamento dos inconfidentes da Conjuração Mineira como peça acusatória dos mesmos.
            A segunda escola criada por Lei no Curato do Rio do Peixe de que se tem notícia, refere-se a “uma cadeira do primeiro grão, creada pela Presidencia da Provincia a 3 de novembro de 1837”. Em documentação encontrada, existiu também, a partir de 1° de janeiro de 1908, um Lyceu que funcionou no Largo em um antigo prédio que deu hoje lugar à Agência do Banco do Brasil. Este Lyceu funcionou até a instalação da Escola Bias Fortes, em 1913.
            Faltava, porém em Lima Duarte, um grupo escolar que instruísse um número cada vez maior da população em idade escolar. Em 1912, por iniciativa do Presidente da Câmara, Coronel José Virgílio de Paula, do Juiz Municipal, Dr. Tancredo Alves, do Coronel Alfredo Catão e outras personalidades, tiveram início a construção desse educandário com o auxílio de suas próprias contribuições pessoais e do povo em geral, bem como da Câmara Municipal que votou uma resolução doando extensa área.
            Inaugurado no dia 03 de maio de 1913,recebeu o nome de Bias Fortes em homenagem a esse ilustre expoente da vida pública mineira e um de seus primeiros dirigentes no regime republicano.
Em 19 de junho de 1913, foi criada a Caixa Escolar “Coronel José Virgílio” que até a atualidade vem prestando assistência ao corpo discente.
Foi seu primeiro diretor o professor José Neves Colen de Diamantina e de origem espanhola, que exerceu o cargo até 1921, sendo substituído pelo iminente literato Pedro Mendes da Paz, que exerceu o cargo até seu  falecimento, em 1940. A direção foi, então, entregue a Professora, Dona Jandira Côrrea de Faria Marchesani que exerceu a função até o ano de 1967 senso sucedida pela professora Nancy Neves que exerceu até 1972, assumindo a partir daí, a Professora Therezinha de Almeida que exerce a função até nossos dias.
        Em 1913, foi concluída a construção do atual prédio da Escola Estadual Bias Fortes, uma edificação ampla e arrojada para os moldes da época. Pelos bancos desta escola já passou milhares de limaduartinos a procura do saber.
De linhas neoclássicas, trata-se de uma construção situada no meio do terreno que se localiza à Rua José de Salles, 111 e à direita da Rua Bias Fortes.
A fachada com formas retangulares, apresenta imitações de colunas retas, tendo o fundo em cinza claro e, as formas em alto relevo, em cinza mais forte. Possui quatro janelas em estilo veneziana, em vidro e metal. Abaixo delas encontra-se a inscrição Escola Estadual Bias Fortes. A platibanda é em linhas retas, apresentando no centro uma parte mais elevada arrematada com três leques. Na extremidade esquerda uma estátua representando o “Trabalho”, e à direita a “Ciência”. O pátio de entrada é ajardinado e dividido por passarelas de cimento em três ângulos.
O fechamento para a Rua José de Salles é constituído de muro baixo arrematado por grade de ferro e com dois portões de acesso. Já para a Rua Bias Fortes é fechado com muro alto.
A Escola Bias Fortes tem um corpo principal com partido arquitetônico em “T”.A construção foi feita em duas etapas. Na primeira fase foi construída a parte principal, concluída em 1913, e a ala dos fundos, concluída em 1986. A última reforma sofrida ocorreu em março de 1995, a qual fez a substituição das antigas janelas de madeira e vidraça pelas atuais em metal. Possui 16 janelas com enquadramento em argamassa e as esquadrias têm duas folhas de abrir.
A cobertura do bloco construído se faz com telhado de quatro águas utilizando telhas francesas com estrutura de madeira. O forro é de laje pré-moldada que substitui o primitivo, de tábuas corridas.
As laterais do prédio são circundadas por extensas varandas cobertas de telhas francesas e com a estrutura de madeira que se apóiam sobre finas colunas de madeira torneadas entrelaçadas por grades de madeira.
Nos fundos do lote existe uma área para o cultivo de horta e no pátio do lado direito, um pequeno parque infantil e um cômodo que serve de depósito.
O terreno pertencente à Escola Bias Fortes incluía uma área bem maior, a qual teve seu tamanho alterado devido à ampliação da Rua Bias Fortes.
O projeto arquitetônico da escola é de autor desconhecido.
Possui oito salas de aula, sala de professores, secretaria, biblioteca, diversas instalações sanitárias, amplo galpão, cantina, dispensa, sala para dentista e para primeiros socorros.
Atualmente, além da escola de 1ª a 4ª série do 1° grau, o prédio abriga a Escola da Comunidade Sandoval de Paiva, de 2° grau.



Informe Histórico do Bem Cultural


Maquinário da Cervejaria Genuína


            A economia primitiva de Lima Duarte girou em torno da exploração do ouro que existiu em abundância em serras e ribeiros. Extinto o ouro, nas primeiras décadas do século XIX, dedicou-se à população à agricultura e à pecuária, erguendo numerosos engenhos e solares rurais, os antigos “sobrados” coloniais, berço das mais tradicionais e ilustres famílias limaduartinas, sedes que constituíam um núcleo urbano com funções de civilização e solidariedade. Escreve Vicente Tapajós, “... As fazendas muito distantes uma das outras, insulavam os lavradores. A vida rural vem assim predominar sobre a vida urbana. A propriedade territorial era o centro de gravitação do mundo colonial.”.
            O comércio recebia a visita de viajantes e tropas de Juiz de Fora, Barbacena, Bom Jardim, Rio Preto, Andrelândia e outras cidades, mantendo intercambio com outras localidades de Minas; para o sul, com destino à Estação de Desengano (hoje Barão de Juparanã), em demanda ao Rio de Janeiro caminhavam as tropas, transportando léguas e léguas, os nossos produtos: toucinho, carnes, óleos vegetais, couros, cereais, frutas e madeiras.
            Desse modo progredia a economia do município ligada à agropecuária, mas preparando-se para a industrialização.
            Em 1900 o Padre Pedro Nogueira e o Capitão João de Deus Duque Neto fundaram uma sociedade fabril para explorar a indústria de laticínios. Era uma das primeiras fábricas de laticínios de Minas Gerais. Essa indústria ficava situada na Rua José Virgílio, na Chácara Recanto dos Duques.
            Logo no início do século também foi instalada a firma Jong &Cia. Ltda., que até hoje continua em atividade.
            Também em 1900, o Sr. Antônio Ribeiro de Paiva prometia para breve a inauguração de uma Fábrica de Cerveja “Genuína” de propriedade de Antônio Giordano, Joaquim Rodrigues Moreira e Bernardo Meneghini. Grandes festividades marcaram o acontecimento, fazendo-se ouvir na ocasião o eloqüente Capitão Francisco de Paula Senra, advogado do fórum; Capitão Benedito Vitório e, em nome dos operários José Morrone. Tinha como fabricante Pedro Scheffer.
            Esta cervejaria ficava situada a Rua 15 de Novembro, hoje Antônio Carlos. No início dos anos 20, a propriedade passou para a família Alves e Ribeiro e foi transferido para a Rua José de Salles n°16, e o cervejeiro, um alemão de sobrenome Loacher, tendo funcionado até o princípio dos anos 30. Sua produção era escoada para o sul de Minas e para Juiz de Fora em lombo de burros. A fábrica foi extinta porque nessa época já começava aparecer à produção de cerveja mecanizada, enquanto que a Genuína ainda era de processo bastante artesanal não agüentando a concorrência e, ainda, o sumiço do cervejeiro, o único que conhecia a fórmula e que, provavelmente, recebeu uma melhor oferta de trabalho. Segundo depoimento do Dr. Dermerval de Paiva, o alemão Loacher teria levado a fórmula para o Rio de Janeiro e a vendeu a uma importante fábrica de cerveja, que se instalava.
            O maquinário da Cervejaria Genuína veio de Hamburg, na Alemanha e de marca “Breymann & HÜbener”. Estão guardados na Rua José de Salles n°16, e são de propriedade de Márcio Ulysses de Paiva.










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