Pontilhão da Rede Ferroviária e Processos Findos Criminais

Informe Histórico do Bem Cultural
Pontilhão da Antiga Estrada de Ferro Central do Brasil em Lima Duarte
            Uma das causas que motivaram o lento desenvolvimento cultural e econômico de Lima Duarte foi o fato desta se encontrar isolada entre montanhas (ao norte a serra de Ibitipoca, ao sul as serras fronteiras do Município de Rio Preto). Diante disso havia apenas duas saídas: para o sudoeste, em Bom Jardim, e para o leste, em Juiz de Fora.
            Dirigida à cidade por homens de espírito progressista, tiveram nos primórdios da vida municipal, a idéia da construção de uma ferrovia que ligasse Lima Duarte à Linha do Centro da Estrada de Ferro Central do Brasil, colocando-a assim, em contato mais rápido e eficiente com os maiores centros urbanos do Brasil.
            No ano de 1903, o Coronel Alfredo Catão juntamente com o Dr. Henri Bernard propuseram, respectivamente, perante as Câmaras de Lima Duarte e Juiz de Fora a construção de uma linha de bondes entre as duas cidades. Nessa mesma época o Juiz de Direito, Dr. Hamilton de Paula, Alfredo Catão e outros cidadãos, trouxeram engenheiros e técnicos para estudos na região. O segundo chegou a imprimir um folheto de sua autoria contendo as vantagens da construção da estrada.
            Em 1906, o Presidente da Câmara, o Coronel José Virgílio de Paula convidou seu colega juiz-forano, Dr. Duarte de Abreu, a visitar Lima Duarte em companhia dos deputados Francisco Valadares e João Penido Filho, Dr. Eduardo de Menezes, entre outros. Tal comissão, segundo sugestão de João de Deus Duque Neto, veio com dois objetivos: a construção de um hospital para tuberculose na serra de Ibitipoca e da ligação ferroviária a Juiz de Fora.
            Durante a Presidência de Afonso Pena, no ano de 1908, tiveram início os estudos técnicos, ao tempo da administração Paulo Frontin na Central do Brasil, porém, as obras foram no governo de Hermes da Fonseca, em 1911.
            Passaram-se longos anos tendo estado à construção sob responsabilidade do engenheiro Jurandyr Pires Ferreira em sua fase de conclusão. Lutava-se com as grandes dificuldades pela liberação de verbas. Foi criada uma Comissão chefiada pelo Presidente da Câmara Municipal, Coronel José Virgílio entre outras autoridades, que se dirigiu ao Presidente Wenceslau Braz solicitando a continuação das obras, o que foi conseguido.
            Na Presidência Artur Bernardes reingressou na política o Coronel Alfredo Catão, a pedido daquele estadista mineiro, seu companheiro do Congresso Republicano em Ouro Preto, e só uma condição: concluir a obra, o que, com efeito, foi conseguido, entrando a locomotiva em Lima Duarte no dia 1° de março de 1926.
            A estrada de ferro, segundo o depoimento dos conterrâneos, trouxe fantásticas modificações para a cidade. Desligou-se definitivamente dos antigos moldes econômicos e culturais herdados da Colônia e do Império, entrando em contato mais íntimo com os centros civilizados. Novas famílias radicaram-se ali, inclusive imigrantes, colaborando assim com o progresso atual. A estação ferroviária de Lima Duarte foi inaugurada em 1930.
            O ramal, projetado para alcançar Bom Jardim, e ali se unir à Rede Mineira de Viação, ficou interrompido em Lima Duarte. Por 20 anos as obras ficaram paradas, apesar de várias gestões das autoridades municipais junto aos governos Estadual e Federal.
            Finalmente em 1945, foi dada pelo General Raimundo Sampaio, representante do Presidente Getúlio Vargas, a primeira picaretada da construção do novo trecho.
            Quinze anos depois ainda não estava terminada a ligação em virtude de sua parcial paralisação desde 1955. Durante o Governo Café Filho.
            É interessante destacar que o motivo da interrupção da construção do trecho Lima Duarte – Bom Jardim estava de fato dos governantes não terem demonstrado qualquer interesse na realização de obras numa região sem recursos econômicos como esta.
            Nos anos 60 o ramal ferroviário que ligava Lima Duarte a Juiz de Fora, foi extinto, para dar lugar ao transporte rodoviário, prioridade dos governos militares.
            Para ilustrar melhor o pesar da sociedade limaduartina pela extinção do ramal ferroviário transcrevemos o editorial do Jornal Tribuna de Lima Duarte n°97 de 11 de agosto de 1968.
“Suprimido o Ramal Ferroviário Lima Duarte - Benfica”
“Conforme noticiamos em nosso número anterior, infelizmente foi suprimido o ramal ferroviário Lima Duarte – Benfica.”
É um verdadeiro desastre para nossa terra tal medida visto que, além daquela opção de se viajar de trem ou ônibus, haverá grande prejuízo para o comércio de Lima Duarte. Conheço um ditado antigo que diz “não devemos destruir aquilo que não construímos”. É a verdade posta por traz de tal medida antipática. Destroem o que não construíram. Alegam que o ramal é deficitário. Que o plano governamental é de abrir rodovias. Pois bem. Então respondam-me esses que assim pensam. Por quê, que outros países se preocupam tanto em abrir estradas de ferro? O nosso país é um país desenvolvido ao ponto de se dar a esse luxo? Se o poder público não tem influências, como empreguismo desenfreado etc., porque não passa esse serviço para a iniciativa particular? É o que dá a estatização. Circulamos hoje de luto pelo desenlace, e com os nossos mais profundos votos de pesar, em uma homenagem póstuma ao falecido.”.
O Pontilhão, situado sobre a Rua José de Salles, nas proximidades da Vila São Vicente de Paula e que hoje faz a ligação da Avenida Centenária com a “Barreira”, foi construído para complementar a ligação do ramal ferroviário Lima Duarte – Bom Jardim. Foi inaugurado em 1° de março de 1926,
            O Pontilhão, durante décadas, serviu como ponto de referência para os limaduartinos, dividindo a região urbana em duas: Barreira e Largo.












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